De pé ó vítimas da fome…

Amigos (Camaradas, portanto),

O MayDay é uma parada dos precários, organizada em Milão desde 2001 e desde então generalizada a várias cidades europeias (Paris, Londres, Barcelona, Berlim, etc…) e, pela primeira vez este ano, no Japão e nos EUA.
A primeira parada Mayday em Lisboa é uma festa rebelde que junta operadores de call center, imigrantes, bolseiros, intermitentes do espectáculo e do audovisual, estagiários, desempregados e contratados a prazo, estudantes – (já/ainda/quase) – trabalhadores, etc…

No Mayday, a 1 de Maio juntamo-nos contra a exploração, contra o emagrecimentos dos apoios sociais e à habitação, desafiando o cinzentismo da ordem neoliberal, iniciando um percurso de mobilização e de visibilidade. No dia do trabalhador, o precariado rebela-se.

Parada 1 de Maio Alameda D. Afonso Henriques
Pic-Nic às 13.h. Partida às 14h em direcção à Praça de Alvalade
Desfile com a Manifestação do Dia do Trabalhador

P.S.: Isto ao som da Internacional dá mais pica.

Era uma vez…

“Era uma vez um país, onde mandava um homem cinzento, que não gostava de cores, nem de cantigas, nem queria ouvir o que queriam os outros dizer. Neste país quase sem sol, onde não brilhava a alegria, os meninos não eram meninos. Os meninos não brincavam porque era preciso trabalhar, e quem ia à escola só aprendia, a verdade que os homens cinzentos queriam. Até que um dia, os soldados valentes, cansados de tanta proibição, meteram pernas ao caminho e fizeram sair da cadeira, o homem cinzento e os seus amigos sem cor. E vieram pessas de todo o lado, que encheram as ruas com as canções que antes não se podiam cantar, e cravos vermelhos nas armas, e muitos abraços e beijos. E abriram-se as portas das prisões ondes estavam os homens bons, que conheciam de cor as cores e as letras das lindas cantigas que os meninos iam agora aprender. E nesse dia, 25 de Abril, todos os meninos aprenderam o que queria dizer a palavra LIBERDADE. E desde então, deixou de haver lugar para o homem cinzento e os seus amigos sem cor. E nunca mais deles se ouviu falar!”
Trinta e três anos depois, lembro-me bem de ver o meu pai e a minha mãe abraçados a chorar enquanto me diziam “Somos livres, filha, somos livres”, e eu que nunca tinha percebido que estávamos presos, entendi então o que queria dizer a minha mãe quando me pedia para nunca repetir o que ouvia em casa.
Trinta e três anos, depois comecei a explicar à patanisca porque é feriado todos os anos a 25 de Abril. E conto-lhe esta história, para que ela nunca se esqueça o que foi este país há muitos, muitos anos atrás e que para mudar tudo isto foram precisos muitos homens e mulheres de coragem, que lutaram para nos dar a Liberdade. E, conto-lhe esta história, para que ela a conte depois aos seus filhos, para que nunca mais haja homens cinzentos com amigos sem cor a dizer o que podemos pensar. Para que nunca mais se voltem a fechar as portas que Abril abriu.

…25 de Abril, Sempre!


Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação

uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.

Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.

Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.

Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.

Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.

Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país
do ventre duma chaimite.

Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.

E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.
E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.

Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.

Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.

Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.

Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril f
ez Portugal renascer.

E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.

Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.

Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.

Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.

Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.

E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.

Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.

E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.

A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.

Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.

E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.

Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.

Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.

E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.

Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.

Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.

Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.

Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.

Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.

Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.

Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.

E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.

Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.

E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.

Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.

Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.

Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.

Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.

Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram

das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.

E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.

No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!

É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.

Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.

Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

“As Portas que Abril Abriu”
José Carlos Ary dos Santos
Lisboa, Julho-Agosto de 1975

Sem palavras

Naresh was only 4 years old when he became a slave.

Naresh’s family was struggling to survive in their village in Bihar, India. In desperation, his father took a job in another state, and he took Naresh with him. One day, a man approached his father and offered to take Naresh and give him food, clothing, a place to stay–and an education. Naresh’s father thought this might be his son’s only chance to be well-provided for, so he agreed.

Once Naresh went to stay with this man, he never saw his family again. Naresh explains what his life was like during the two years he was there:

“I would get up at 5am to make breakfast for the family. Once everyone had eaten they would go to their offices and I would mop the whole house, and then have my own breakfast. They locked the door and I was left on my own. Sometimes I would watch TV. When the family had visitors I would lay the table, wash the dishes for everyone. At first it felt like they loved me. I was getting enough food. But then one day I put too much water in the chapatis and some flour fell out of my hands onto the floor. The man beat me with his fists and shoes. I went up to the terrace above the house and slept there for the night. Then early the next morning I just ran away without taking anything. I was frightened of being beaten again. I don’t know where I went but it was very far.”

Caught on the streets by the authorities, he spent the next six years in dismal detention homes. During a fight among the children at the detention home, Naresh ran away with several other children. They climbed out of a broken window and jumped over the wall. One of the children was hurt jumping over the wall, but the other children carried him to the train station. They rode the train to a neighboring state, where they saw a hotline number for children. Wanting to get their injured friend to a hospital, they called the hotline number, where they eventually got in touch with Bal Vikas Ashram, one of Free the Slaves’ partners in India.

Bal Vikas staff realized the boys had suffered under child slavery, and took them in to their child slave rehabilitation center. At the center, Naresh and his friends are receiving medical care, counseling, literacy training and basic rights training. The center is helping the boys look for their families and will help them reintegrate into their villages.

Although he is still settling in at the center, Naresh says “I’m happy here, I won’t run away.” He has never had the chance for education before, but now he loves learning to write, and is rapidly filling up his first notebook. He believes some of his family members will still be in his home village, although he has not seen them for 8 years: “I want to go home and find my family at any cost. Then I want to work in my own house and not in someone else’s house.”

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Diário das minhas paixões (IV)

A primeira vez mergulhei é das memórias mais fortes que tenho. A sensação de nada, de liberdade absoluta, de um estranho barulho silencioso, de não saber onde está o céu ou o fundo, o azul… O mar e mergulhar. Descobri o mergulho com outra das minhas paixões: a arqueologia; e foi o mergulho que me apresentou ao meu “cara-metade”.

NOTA: Embora na foto esteja a caçar (e sim cambada de invejosos, sou eu!) aquilo que me fascina verdadeiramente é estar dentro de água, respirar dentro de água, ter oportunidade de descobrir o que está lá no fundo. Caçar é mesmo só para comer, e com o meu jeito natural para a coisa…

VELINHAS EM SANTA COMBA???? NÃO!!!!

Eu até me portei bem… murmurei palavrões num tom de voz praticamente inaudível…não chamei nomes à mãezinha da MED…não perorei horas a fio como é meu hábito…Desdenhei orgulhosamente a votação dos “Grandes Portugueses” e fingi durante uns dias que “no pasa nada!”
MAS ASSIM JÀ É DEMAIS!!!!!
Um santuário ao narigudo fascizóide???????
Vá lá tudo a assinar a petição, e se não bastar podemos sempre fazer uma fogueirita com a dita “capelinha” ou chamar de volta as FP25!

O meu Verão

A minha família é grande. Tão grande que perco muitas vezes o fio à meada de primos e tios em terceiro, quarto e quinto graus. Raras são as vezes que ao passear pelas ruas empedradas do Alentejo materno não tropeço num tio-avô ou numa prima cujo nome não conheço ou esqueci por falta de uso.
A minha família mais próxima também não se pode chamar pequena. Três irmãos, deram origem a sete crianças (para já!) pais, avó… A minha família é grande. Tem muita gente. Gente com que partilho o sangue e os genes, e gente que a vida trouxe até mim. A minha família é grande porque se foi construindo ano após ano com os amigos que foram chegando e montando “tenda” no meu coração. E por isso mesmo, sou uma pessoa de sorte. Penso nisto muitas vezes. Sou uma pessoa de sorte porque à minha volta não há vazio, à minha volta há mãos que se estendem para me agarrar quando sinto que os joelhos da alma se vão dobrando, quando preciso de alguém que me faça rir, quando recebo dois, dez, muitos telefonemas por dia de gente que só quer dizer que tem saudades, ou precisa de ajuda… Um destes dias fui abraçar uma amiga que perdeu a mãe. E, uma vez mais, percebi a sorte que eu tenho, a sorte que ela tem. Ao olhar à volta vi muitas caras, muitas mãos, muitos abraços amigos. Muitos amigos reunidos em torno de um só que naquele momento era o centro de todos nós. Ali de pé, à entrada de uma sala fria, numa noite gelada, senti-me mais quente do que em muitos dias de Agosto. Se calhar é isso mesmo, os meus amigos são o meu Verão. O meu Sol.