Pensamento da semana

“…assim chego ao primeiro conselho: os homens são homens e as mulheres são mulheres. A mulher pode ser muito amiga, mas não é um gajo. O marido pode ser muito amigo, mas não é uma amiga.”

in Miguel Esteves Cardoso, Jornal “Público”, 25 Outubro 2010

O senhor do Adeus

Nunca gostei de tributos estáticos em forma de pedra ou bronze. Isto ocorreu-me ao ler uma notícia de que um grupo de pessoas está a criar uma petição para que se erga, em Lisboa, uma estátua em tributo ao “tão-falado-esta-semana” Senhor do Adeus. Eu, que nunca o vi e nunca tinha ouvido falar do senhor, pensei “que desperdício!” O Senhor do Adeus, pelo que ouvi, saía à rua a dizer adeus, para fugir a uma solidão tremenda, a mesma que mata silenciosamente milhares de velhos que a vida foi deixando para trás em casas escuras e vazias. Essa solidão traiçoeira que nos faz esquecer pais e avós, atropelados por uma vida alucinante e muitas vezes egoísta. Pelo Senhor do Adeus já não se pode fazer nada, mas pelos outros, pelos sozinhos em casa, há muito para fazer. Haverá melhor tributo do que transformar esse projecto de estátua imóvel num movimento social que trabalhe para que não haja mais “Senhores do Adeus”?

Esta menina

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Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
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“A Bailarina”, Cecília Meireles 
Esta menina que é minha, tão pequenina ainda, fez-me mãe há 9 anos atrás. E ao olhar para o seu riso,  ao ouvi-la cantar, ao ver como dança não me canso deste espanto verdadeiro que é ver um botão a fazer-se flor.  A esta menina que é minha crescem-lhe as asas com que há-de voar e hoje lembro-me que esta breve Primavera, para que se não esqueça, terá de ser gravada no meu coração.

Amigo

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“Usamos muitas vezes a palavra amizade com displicência”. Escrevi isto e senti, verdadeiramente, o peso, a importância da palavra. Usamos a palavra Amigo com demasiada displicência e esperamos que os outros, os que nos interessam, os que são um pedaço de nós, os que nos ocupam os cantos do coração, descubram o quanto e o como os amamos. Mas é preciso dizê-lo. É preciso encher a boca com todas as sílabas da palavra, e pesá-las sentindo a preciosidade de cada grama, é preciso dizê-lo antes que seja tarde, antes que seja preciso, é preciso dizê-lo com sentido, com sentimento, como promessa. E é preciso que seja uma palavra única, destinada aos que nos preenchem os dias, aos que nos amparam as quedas e as angústias, aos que são um pedaço do que somos, aos que nos dão a esperança de dias melhores, aos que acreditam que sim, que somos capazes, aos que nos ajudam nas derrotas e nos estendem a mão e os braços, aos que nos fazem chorar porque nos comovem, aos que nos fazem felizes, aos que transformam os dias de Inverno em tardes de Verão. É urgente dizê-lo. É urgente desenterrar a palavra Amigo.
* Vocês sabem quem são 🙂 e se não o disse antes, se não o disse assim, foi apenas porque me tinha esquecido da força que a palavra tem. Mas ontem, ontem foi um dia diferente. Ontem relembraram-me que não basta ser é preciso fazer, é preciso dizer. Por isso aqui fica, vocês, sim vocês, são o meu néctar , o princípio e o fim da felicidade, são pedaços de mim, tão insdispesáveis como o fígado ou o pulmão.

Pensamento da semana

“I used to tell the story about as a young man in high school one of the professors came in and put a broad white sheet on the board with a dot in the right hand corner and said, “Boys, what do you see?” And we all shouted, a black dot. He stood back and said, “not a single one of you saw the broad white sheet, you all saw the black dot.” He went on to tell us to focus on the broader picture, don’t focus on the negative.”

*Koffi Annan