Dos dias felizes.

Faz sol, lá fora por sobre a relva onde correm as meninas e cachorros pequenos, por sobre a relva ainda húmida e por entre as folhas que estendem o manto de sombra. Faz sol, lá fora, onde o sussurro do vento faz esquecer a cidade e os risos frescos acordam as memória. Faz sol, e eu estendo as minhas mãos em direcção ao amanhã e vejo as meninas e os seus “tios”. E faz sol cá dentro, no meio do peito onde bate este coração direito que sabe que quem lhe está à esquerda e à direita são raízes, são família, são o norte e o sul das decisões, são colo e ombro, são a certeza de quem está ali, sempre.

O meu mundo não é deste reino*

Num tempo de outro mundo fomos felizes. 
Espalhados por três pisos entre guerras de palavras e horas marteladas nas teclas dos computadores. Éramos muitos, nem todos amigos, mas as mesas do tasco em frente eram pequenas para o almoço comunitário. Da esquerda à direita, mulheres e homens, jovens ou nem tanto, vindos de tantos lados, éramos, ainda assim, um só corpo.
Num tempo de outro mundo, fomos felizes e não sabíamos. 
Os dias ainda se dividiam em semanas que depois de completas terminavam em salário. As mesmas semanas que nos comiam as horas gastas em revistas, tantas que nem o 13 nos lembrava azar ou os dias anunciavam borrasca.
Num tempo de outro mundo fomos felizes com pouco e com tanto. 
E não sabíamos, nem sonhávamos, que nos dias que haviam de chegar a revolta e o cansaço iam ser reis neste mundo de outro tempo.

*”O meu mundo não é deste reino“, João de Melo, 1983 (Prémio Dinis da Luz)

Que venham mais cinco

Encerrámos a festa com a tradição do passeio avenida acima, as mochilas semi-vazias, os corpos cansados e um sorriso ainda tonto na cara. Nas mãos os cravos já murcham mas seguem caminho a casa onde irão persistir durante dias e depois secar por entre as páginas de um livro grosso. Inaugurámos com os mais pequenos esta história antiga de descer a avenida ao som da Grândola, cadenciando o passo, que não há-de ser nem demasiado rápido nem lento demais. Os mais novos já sabem a letra da Grândola e cantam bem alto com orgulho na voz e nos punhos pequenos, mas já cerrados, que aprenderam a erguer. Os meninos descem a avenida de mãos dadas, num mar de gente que neste dia, neste momento único, é um mar de companheiros. E olho para trás, para esta família que somos, e sorrio porque sei que enquanto formos assim, enquanto houver mãos e vozes e gente como esta, Abril há-de nascer uma e outra vez. Até amanhã, camaradas.

Nós, as partículas.

Se há coisa que a vida me ensinou é que não somos mais do que uma pequena partícula na imensidão do Universo. Hoje recebi um mail. De um amigo (acho que lhe posso chamar assim), que conheço apenas virtualmente, mas que me fala do que verdadeiramente importa. Temos muito para nos encontrarmos em pontos opostos do pensamento e no entanto estamos tão próximos, e hoje recebi um link para este vídeo (e para um post) e de repente a imensidão do que me preocupa ficou reduzida a um “pálido ponto azul”. Às vezes é preciso uma voz diferente que nos relembre o caminho. Obrigado.

So long pal :(

3pic: estava a fazer-te companhia…dei folga aos neurónios…
V.M: Para a cozinha… JÁ!!
3pic: 😛
V.M: Mau!
3pic:ó pá trabalha…
V.M: deves ser sueca!
3pic: sou, mas em moreno, e com mais pelo na venta 🙂
V.M: Ui…. ca bom!

Porque gosto de trabalhar aqui? Porque tenho diálogos destes, via Facebook, apesar de estar a um palmo do palerma em questão. Mas o palerma foi-se embora,e agora, como lhe disse, sinto-me amputada, um bocadinho como aqueles gajos a quem cortam o braço mas continuam a queixar-se de dores no cotovelo (chama-se síndrome do membro fantasma). Os três mosCÃOteiros perderam um membro na redacção, mas continuamos juntos, certo? Todos por um, e um por todos.

(e agora vou ali à casinha deitar umas lagrimitas discretas…palerma.)

Hoje tenho saudades. Saudades do antes e do durante. Saudades de gente louca que arrancava toques de corneta por tudo e nada, dos gritos e das dicussões e dos longos almoços ao som de mornas, das noitadas e dos fechos, das partidas e dos telefonemas. Tenho saudades dos abraços e das lágrimas que deixei no tampo da secretária, dos sorrisos cúmplices de quem se percebe sem falar, das minhas angústias e dramas, e dos dramas dos outros, de subir e descer a escadaria de pedra uma e outra vez. Tenho saudades das guerras de bolas, e dos gritos e discussões, do café e das horas do café com um, cinco dez amigos, dos cigarros na curva do corredor, das pilhas de slides e das gargalhadas. Tenho saudades saudades do meu riso. Tenho saudades de mim.

Problemas existenciais…


O outro dia uma amiga “acusou-me” de não ter problemas existenciais.
E eu pensei… não tenho?!?!
Isso é uma coisa positiva…?
Ou uma coisa negativa?
Deveria ter?
Ou perdi-os???
Mas… o que é um problema existencial?
É azul ou roxo?
Faz barulho?
Tem cheiro?
Está relacionado com pessoas ou temas?
Bem… se calhar não sei mesmo o que é!
Se calhar nunca encontrei nenhum ao atravessar a rua!
Ou será que não estava suficientemente atenta?
Bolas!
… Ena!
Acho que afinal fiquei com um problema existencial!!!
:D:D:D

Cordão Humano de Leitura


“Metro a metro….
…Faz-se um cordão humano.
Traga um livro, convide um amigo e faça parte da história.
2 de Abril | 15h
Ponto de encontro: Largo do Chiado, junto à entrada do Metro Baixa/Chiado”

Não é uma ideia maravilhosa?
A partilha da leitura…
E há mais, as actividades são das 11h às 18h.
– Feira do Livro Infantil
– Chapéus Narradores – contadores de histórias em pleno Chiado
– Cordão Humano
– El Posador – grupo catalão de teatro
– Animação de rua, cabeçudos e muito mais…

A nossa cidade é fantástica, não é?
Bora lá!!!

Podem procurar mais informação aqui!