Razões que a razão desconhece??

Eu que não sou dada a nacionalismos, eu que tenho um coração “às direitas” que bate mais forte ao som da marrabenta ou de mornas, deu-me agora para a paixão pela Mariza. Não sou capaz de a ouvir sem sentir um arrepio espinha abaixo. E de repente vêem-me à memória os festivais de folclore alentejanos quando a minha avó me vestia a preceito… só é pena que a avó fosse do Alentejo e me fizesse usar meias de renda e saias de brocado em pleno Agosto, em vez de me vestir de cores garridas e cobrir de arrecadas douradas…

Há dias assim…

Não me recordo quando é que a Alice Vieira entrou na minha vida. Lembro-me de ser pequena e de me terem oferecido o “Rosa, minha irmã Rosa”, e de o ter lido e relido vezes sem conta. Umas vezes de enfiada, outras saboreando capítulo a capítulo. Ainda hoje tenho esse exemplar de capa cor de rosa à espera que as minhas meninas cresçam para o poderem ler. Mas o que mais me fascina na Alice Vieira é a maravilhosa capacidade, o inegável talento, de nos falar das coisas simples, das coisas diárias, em tom de poesia ou como se se tratasse de uma maravilhosa história de encantar. Este Natal a MM lembrou-se deste meu gosto e deu-me de presente o “Pézinhos de Coentrada”. Não foram precisas mais de 3 dias para devorar este livro de pequenas histórias publicadas em revistas e jornais nacionais. Algumas já conhecia, outras não. O trecho que aparece em baixo é da minha história preferida. Fala da liberdade, desse liberdade interior que ninguém nem coisa alguma consegue roubar.
E hoje sinto-me assim, por detrás de uma janela fechada a ver o dia fugir… Há dias assim…

Porque qualquer janela serve para voarmos. Para sermos livres. Para imaginarmos outras vidas. Eu posso estar sentada aqui nesta cadeira, a fazer malha, e vocês olham para mim e são capazes de jurar que eu estou ao vosso lado, mas não estou, estou muito longe, a viver outras vidas, a ouvir outras vozes, a sentir outros cheiros, a amar outras pessoas. Por muitos cadeados que as janelas tenham, nenhum cadeado pode impedir os nossos sonhos de nos levarem onde quisermos.”

.

in “Pezinhos de Coentrada, pequenas histórias”, de Alice Vieira.

Há dias assim…

Não me recordo quando é que a Alice Vieira entrou na minha vida. Lembro-me de ser pequena e de me terem oferecido o “Rosa, minha irmã Rosa”, e de o ter lido e relido vezes sem conta. Umas vezes de enfiada, outras saboreando capítulo a capítulo. Ainda hoje tenho esse exemplar de capa cor de rosa à espera que as minhas meninas cresçam para o poderem ler. Mas o que mais me fascina na Alice Vieira é a maravilhosa capacidade, o inegável talento, de nos falar das coisas simples, das coisas diárias, em tom de poesia ou como se se tratasse de uma maravilhosa história de encantar. Este Natal a MM lembrou-se deste meu gosto e deu-me de presente o “Pézinhos de Coentrada”. Não foram precisas mais de 3 dias para devorar este livro de pequenas histórias publicadas em revistas e jornais nacionais. Algumas já conhecia, outras não. O trecho que aparece em baixo é da minha história preferida. Fala da liberdade, desse liberdade interior que ninguém nem coisa alguma consegue roubar.
E hoje sinto-me assim, por detrás de uma janela fechada a ver o dia fugir… Há dias assim…

Porque qualquer janela serve para voarmos. Para sermos livres. Para imaginarmos outras vidas. Eu posso estar sentada aqui nesta cadeira, a fazer malha, e vocês olham para mim e são capazes de jurar que eu estou ao vosso lado, mas não estou, estou muito longe, a viver outras vidas, a ouvir outras vozes, a sentir outros cheiros, a amar outras pessoas. Por muitos cadeados que as janelas tenham, nenhum cadeado pode impedir os nossos sonhos de nos levarem onde quisermos.”

.

in “Pezinhos de Coentrada, pequenas histórias”, de Alice Vieira.