…aquele momento em que o teu amigo de liceu, que te conhece desde os 12 anos, telefona preocupado porque não respondeste aos dois emails de piadas enviados no dia anterior, e acabas a prometer-lhe que se morreres antes dele o irás assombrar todas as noites.
(assim, de repente, fiquei com o coração aconchegado e com um sorriso pateta na cara, e apetece-me ter novamente 12 anos e estar com o J. no sofá a jogar no Spectrum)
saudades
So long pal :(
3pic: estava a fazer-te companhia…dei folga aos neurónios…
V.M: Para a cozinha… JÁ!!
3pic: 😛
V.M: Mau!
3pic:ó pá trabalha…
V.M: deves ser sueca!
3pic: sou, mas em moreno, e com mais pelo na venta 🙂
V.M: Ui…. ca bom!
Porque gosto de trabalhar aqui? Porque tenho diálogos destes, via Facebook, apesar de estar a um palmo do palerma em questão. Mas o palerma foi-se embora,e agora, como lhe disse, sinto-me amputada, um bocadinho como aqueles gajos a quem cortam o braço mas continuam a queixar-se de dores no cotovelo (chama-se síndrome do membro fantasma). Os três mosCÃOteiros perderam um membro na redacção, mas continuamos juntos, certo? Todos por um, e um por todos.
(e agora vou ali à casinha deitar umas lagrimitas discretas…palerma.)
O correr dos dias… (9)
me
Das memórias e outras histórias…
…tropecei neste rascunho, e deu-me pena deitá-lo fora, porque me recorda outros dias, outra gente, gente que partiu e que nos faz falta na memória e nos dias que hão-de vir.
“A primeira vez que levámos a patanisca à Berlenga, em 2002, tinha ela 8 meses. O pai, decidiu seguir uma tradição que admirava: ir com a filha ao carreiro dos Cações ver o pôr do sol. Ao final da tarde, carregava a miúda no “canguru” e subia a rampa até à curva de onde se vê o carreiro. Numa destas suas expedições, numa tarde em que a nortada se fazia sentir, a patanisca ria à gargalhada com o vento a bater-lhe na cara. Na subida, pai e filha cruzaram-se com o Almirante, que ao ver o ar feliz da bebé rapidamente a alcunhou de “Maria do Vento”.Pois bem, ficou a alcunha e muitas vezes, em dias de vento mais forte, recordo-me do almirante de chapéu desbotado a olhar encantado para o meu bébé feliz.”
Hoje tenho saudades. Saudades do antes e do durante. Saudades de gente louca que arrancava toques de corneta por tudo e nada, dos gritos e das dicussões e dos longos almoços ao som de mornas, das noitadas e dos fechos, das partidas e dos telefonemas. Tenho saudades dos abraços e das lágrimas que deixei no tampo da secretária, dos sorrisos cúmplices de quem se percebe sem falar, das minhas angústias e dramas, e dos dramas dos outros, de subir e descer a escadaria de pedra uma e outra vez. Tenho saudades das guerras de bolas, e dos gritos e discussões, do café e das horas do café com um, cinco dez amigos, dos cigarros na curva do corredor, das pilhas de slides e das gargalhadas. Tenho saudades saudades do meu riso. Tenho saudades de mim.
Melancolias
…em surdina
Pensamento da semana … em formato vídeo…
…e depois não durmo, e pergunto-me o que ando a fazer…
O caminho faz-se andando
E hoje um telefonema curto “café?” sim, claro que sim, ou não fosse este uma das pessoas que me fez ser quem sou hoje, que me sacudiu a ingenuidade, que me fez ir mais além. Ou não fosse este a pessoa que sempre acreditou que eu sou capaz, que eu consigo e que me pediu, há muitos anos, para nunca perder o sorriso e a doçura. E agora sento-me aqui frente ao ecrã inundada de saudades, a lembrar quem fomos, o que fizemos. E apetecia-me dizer obrigado e segurar-lhe as mãos como em tempos ele me segurou as minhas enquanto me desfazia em soluços.
E dizer obrigado à vida e ao destino que me ensinou que o caminho se faz andando. Mesmo que se tropece. Mas sobretudo porque me deu gente que me mudou para sempre os dias.