O meu mundo não é deste reino*

Num tempo de outro mundo fomos felizes. 
Espalhados por três pisos entre guerras de palavras e horas marteladas nas teclas dos computadores. Éramos muitos, nem todos amigos, mas as mesas do tasco em frente eram pequenas para o almoço comunitário. Da esquerda à direita, mulheres e homens, jovens ou nem tanto, vindos de tantos lados, éramos, ainda assim, um só corpo.
Num tempo de outro mundo, fomos felizes e não sabíamos. 
Os dias ainda se dividiam em semanas que depois de completas terminavam em salário. As mesmas semanas que nos comiam as horas gastas em revistas, tantas que nem o 13 nos lembrava azar ou os dias anunciavam borrasca.
Num tempo de outro mundo fomos felizes com pouco e com tanto. 
E não sabíamos, nem sonhávamos, que nos dias que haviam de chegar a revolta e o cansaço iam ser reis neste mundo de outro tempo.

*”O meu mundo não é deste reino“, João de Melo, 1983 (Prémio Dinis da Luz)

SCRUM…


No local onde trabalho adoptámos o SCRUM!
Após formação e listagem de tarefas, resolvemos implementar a ferramenta num projecto com inúmeras tarefas e sub-tarefas, várias datas limites a cumprir e vários intervenientes.
Eu e a AA operacionalizámos a ideia ontem de manhã.
Concebemos o quadro, escrevemos as tarefas nos post-it e iniciámos as tarefas.
Algumas dúvidas, informação em falta, mas o importante é começar.
No final do dia, estava a explicar à SM que aquilo era mais difícil do que eu pensava inicialmente, quando a AA se aproximou e disse: “a SM está a ser scrumizada pela scrum master!”
E pronto, para além de ser uma ferramenta de organização útil e colorida, também é divertida!
Temos mais uma “private joke” na empresa!
Tudo bons motivos para experimentar!

Maus tratos empresariais


Existem muitos tipos de abuso no mercado de trabalho.
Mas não se fala muito sobre isso.
Estar empregado, nos dias que correm, é uma benção.
Por isso, aguenta-se.
Ninguém se pode dar ao luxo de dizer: “Estou farta. Acabou! Despeço-me!”
E, à conta disso, ouvimos o dia todo, os colegas e as chefias rebaixarem-nos.
Que deviamos ser assim e assado, mas somos frito.
Que deviamos ser mais pró-activos, mais competitivos, mais iguais uns aos outros.
E a nossa auto-estima vai ficando cada vez mais pequena.
E, pior, começamos a acreditar.
A acreditar que somos uma nódoa, que não prestamos, que não sabemos fazer nada de jeito, que nunca soubémos nem podemos melhorar.
Há uns anos atrás, simplesmente sairíamos, bateríamos com a porta.
E diriamos para nós mesmos “esta empresa não serve para mim”.
Mas agora, começamos a acreditar que somos nós que não servimos.
Com a crise generalizada e o desemprego a aumentar, as Instituições deviam começar a preocupar-se com os abusos e a violência psicológica que se exerce nas empresas.
Existem pessoas que em casa são uns amores, mas que no local de trabalho se transformam em autênticos monstros.
A história do conto de fadas onde o lobo é o bom da fita!
Dá que pensar, não é?!?

O cabo é meu!


Na empresa onde trabalho, eu sou a dona do cabo!
E é uma tarefa deveras importante, já que tenho que “gerir” três aspirantes a donos e manter a liderança!
Acima de tudo, nunca perder a posse do cabo!
Já estão curiosos?
Bom, passo a explicar.
Num acto de rebeldia, resolvemos mudar da cave para o rés-do-chão.
O único senão foi termos ficado apenas com 3 cabos de rede.
Ora, nós somos 6.
E, na minha sala estamos 4 e um só cabo!
Hoje à tarde, estavamos os quatro a precisar de receber emails, pesquisar informação na net,…
A conversa era a seguinte:
SM – CC, podes emprestar-me o cabo para ver se a CL me enviou um email?
CC – Espera que estou a terminar um download… ok! Já está!
DC – SM depois pode emprestar-me o cabo? Preciso de enviar alguns emails…
CO – CC, envia-me a proposta para trabalharmos?
CC – Ok. Quando a SM receber o email da CL e o DC enviar os emails…

CC – CO, acabei de enviar a proposta.
CO – Boa, dê-me o cabo para eu ver se já recebi!

CO – Agora preciso do cronograma…
CC – O DC é que tem o cabo… É melhor ir ao meu computador buscar o documento.

CO – Seu computador não está na rede!!!
CC – Não? Que disparate! Porquê?
DC – Oh CC, é o CO que tem o cabo!
CO – É melhor colocar numa pen…
SM – Desculpem, preciso de ir ao email outra vez…
CC – (No auge da fúria)TOU FARTA DISTO! QUE PORCARIA! ASSIM NÃO DÁ! NÃO SE CONSEGUE TRABALHAR! VOU VOLTAR LÁ PARA BAIXO!
AA – (da sala ao lado) DC, vens comigo à Staples amanhã de manhã comprar um router?

“Problem solved!” (I HOPE!)

…por favor, prendam-me já!

*NA PRISÃO*
Passas a maior parte do tempo numa cela de 3×3 metros.
*NO TRABALHO *
Passas a maior parte do tempo num cubículo de 2×2 metros.
NA PRISÃO*
Tens três refeições por dia completamente grátis.
NO TRABALHO*
Tens uma pausa para uma refeição, que tens que pagar.
*NA PRISÃO*
Tens assistência médica e dental GRÁTIS.
NO TRABALHO*
Tens um seguro de saúde (que sai do teu salário) e que pode ou NÃO cobrir os tratamentos de que precisas.
NA PRISÃO*
Reduzem-te o tempo se te portares bem.
NO TRABALHO*
Dão-te mais trabalho se te portares bem.
NA PRISÃO*
O guarda fecha e abre  as portas para ti.
NO TRABALHO*
Muitas vezes tens um cartão de acesso e tens que abrir e fechar as portas tu mesmo.
NA PRISÃO*
Podes ver televisão e jogar o que quiseres.
NO TRABALHO*
Podes ser despedido por ver televisão e jogar no computador.
NA PRISÃO*
Tens uma retrete privativa.
NO TRABALHO*
Tens que partilhar a retrete com gente que mija no assento.
NA PRISÃO*
Autorizam-te a receber   a visita da tua família e amigos.
NO TRABALHO*
Nem sequer admitem que converses com a tua família.
NA PRISÃO*
Todas as despesas são pagas pelos contribuintes e não tens que trabalhar.
NO TRABALHO*
Tens que pagar as despesas  para ir para o trabalho e deduzem taxas ao teu salário para pagar os custos das prisões.

A teoria de Darwin

Às vezes temos de ser nós. Manter a espinha na posição que a evolução das espécies nos determinou: vertical. Às vezes temos medo, mas tem de ser. Às vezes gostávamos que a “entidade superior” existisse de verdade para trazer a justiça aos justos e o castigo a quem merece. Por alguma razão não sou mística. Às vezes interrogo-me sobre o que ando a fazer. O que andei a fazer com todos estes anos de idade adulta. E este “às vezes” tem sido muito recorrente, agora que os 41 se vão. Agora que deixei de saber quanto tempo me resta, e o tempo já não parece tão eterno como aos 20. Às vezes gostava de fechar os olhos e parar um bocadinho. Para descansar. Só um bocadinho. Fazer de conta que está tudo bem. Que o esforço será premiado, que vale a pena porque “a minha alma não é pequena”, que faz sentido ser recta, e honesta e empenhada. Às vezes penso que tristes são os dias pejados desta gente que não o é, desta malta que é “poucochinho” honesta, competente e correcta.
Às vezes temos de ser nós. Manter a espinha na posição que a evolução das espécies nos determinou: vertical.
Às vezes adivinhamos que a coisa vai acabar mal.

Abençoada semana…

…dói-me a cabeça, a alma e a carteira…dói-me a cabeça há 2 dias e não há Migraleve que lhe ponha cobro…o barulho do galinheiro do lado sobe e desce ao saber das idas e vindas da “super-tia”…se ouço mais uma vez a palavra chique não respondo pelos meus actos…já esgotei os mantras do meu iTunes….e depois uma cara amiga descobre isto…a dor de cabeça dá-me para a ironia…(sigh)